19th March 2014
São três as formas de aprender sobre uma cultura que nos é estranha ou exótica: ler sobre a história, observar a vida em espaços públicos e interagir com as pessoas, mesmo que na base da linguagem de sinais. O ideal é misturar um pouco disso tudo. Estou na Índia há pouco mais de dez dias de Índia e tive tempo de visitar três templos: o da Devi Kanya Kumari, em Tamil Nadu; oMannarasalla Nagaraja (‘das serpentes’) em Allapuzha, junto com Manoj, meu bem-informado guia hindu; e um templo de Shiva em Munnar. Esse post é para explicar o que aprendi até agora.
– Tirar os sapatos é obrigatório e deixar câmera/bolsa/mochila na entrada às vezes também pode ser;
– Em alguns templos homens devem tirar a camisa na entrada ou antes de chegar até a divindade;
– Mulheres devem sempre cobrir ombros e pernas, às vezes também a cabeça com um véu. Moças menstruadas não devem entrar no templo;
– Uma vez na área você deve andar ao redor do templo, dando pelo menos uma volta completa (pode ser mais, desde que em número ímpar) andando no sentido horário;
– O mesmo dentro do templo: uma volta completa, sempre no sentido horário;
– Oferendas são feitas na forma de pedaços de tecido, comidas, frutas, óleos, flores e velas perfumadas. Cada templo e divindade tem suas preferências. Se quiser, dá para comprar algo ao lado do templo. Uma vez na frente da divindade, entregue ao responsável com a mão direita;
– Em alguns templos após fazer uma homenagem você pode ter a fronte pintada com pigmento e óleo ou receber algo comestível. Mas só pode comer fora do templo;
– Doações em dinheiro não são obrigatórias mas, se quiser, basta colocar dobrado nas caixas de metal destinadas para esse fim, sempre com a mão direita;
– Jamais tente tocar a divindade com a mão, não sente no chão com os pés na direção da estátua e comporte-se com discrição e respeito. Na dúvida, posicionar as mãos em namaskaram e abaixar a cabeça na direção da divindade é suficiente;
– Sempre dê prioridade aos devotos, eles estão prestando homenagens e fazendo pedidos.
O mais importante é ter em mente de que está em solo sagrado, muitas vezes tão antigo que não há sequer registro histórico da construção. É o caso do templo Sri Padmanabhaswamy em Trivandrum que como todos os templos do Kerala é fechado para não-hindus desde tempos imemoriais. Os templos não são atrações para turistas desfrutarem, são locais de devoção. E são a melhor forma de presenciar a relação intensa que os hindus tem com seu infinito panteão de divindades.
PS: por mais que a Índia oficialmente seja um estado secular, ou laico, política e religião aqui se misturam de forma muito mais complexa do que no Brasil. A situação é tranquila no sul, onde há um equilíbrio considerável de igrejas católicas, sinagogas judias, templos hindus e mesquitas muçulmanas. Mas no norte há casos frequentemente violentos, envolvendo principalmente muçulmanos e hindus.